Em meio à pandemia, estima-se que 900 milhões de pessoas estão ou já estiveram em situação de quarentena domiciliar neste primeiro semestre de 2020. A quarentena, imposta pela necessidade do distanciamento físico, demandou uma reorganização da rotina, das relações de trabalho e, consequentemente, dos espaços que até então acomodavam essas dinâmicas. O home office – trabalhar de casa – não é novidade em muitas profissões, inclusive para parte dos arquitetos, adaptados à pratica autônoma de projeto ou à pesquisa. Entretanto, a excepcionalidade do contexto da epidemia trouxe uma série de desafios ao desempenho de diferentes funções que agora precisam ocorrer num mesmo local, ao mesmo tempo e, muitas vezes, por diferentes membros da família (pais, filhos, avós).
O ArchDaily Brasil recentemente publicou o artigo Conselhos para trabalhar em casa durante a pandemia de COVID-19. Este episódio parte dos tópicos sugeridos pelo texto e traz ainda as experiências pessoais de 3 arquitetos nesses dois meses de adaptação programática e espacial do espaço habitacional à complexidade de nossa rotina urbana. Participaram conosco os arquitetos Alexandre Pessoa, doutor em urbanismo e professor da FAU/UFRJ; e o casal Victor Caixeiro e Natália Torres, que trabalham com projetos comerciais e residenciais.
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São cinco os conselhos que o artigo sugere para contribuir na manutenção da integridade física e mental das pessoas, durante à forçada adaptação dos modos de vida num cenário de pandemia. São eles: siga as diretrizes apontadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS); limite a quantidade de notícias que acessa ao longo do dia; mantenha uma rotina de horários e funções; mantenha-se conectado socialmente; e promova a tranquilidade. Não é simples, mas parece factível, certo? Só faltou “combinar com os russos”! Para quem não mora sozinho, qualquer cronograma precisa ser acordado e seguido por todos, o que nem sempre acontece, como relatam nossos convidados sobre a vivência com os filhos, por exemplo.
Há relatos sobre ganho de tempo útil trazido pela condição de quem trabalha em casa. O tempo gasto com deslocamentos, necessários e desnecessários, é um fato da vida urbana contemporânea que agora pode ser revertido para outras atividades. As tarefas relacionadas à manutenção da casa, na medida em que vão sendo automatizadas, também permitem um tempo de reflexão sobre o trabalho a ser feito, como organizá-lo. Ao mesmo tempo, a não separação física dos ambientes domésticos e de trabalho pode gerar um excesso de horas mentalmente dedicadas às responsabilidades profissionais, ocasionando um cansaço maior. A tecnologia minimiza algumas ausências, como a perda da conexão social com amigos e familiares, e facilita algumas dinâmicas de trabalho. Mas também aumenta a quantidade de informação recebida, a qual é mais difícil de ser filtrada quando estamos o dia todo diante do computador e do celular.
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Novas oportunidades de trabalho também serão geradas pela necessidade de ficar mais em casa, como o aumento da demanda de projetos residenciais e de reformas adaptando o espaço da casa ao trabalho e ensino remoto. O mercado deve mudar, apesar de ainda ser cedo para qualquer previsão. Mas, para além de toda preocupação relativa ao futuro profissional, o presente nunca esteve tanto em nossas reflexões e conversar sobre isso ajuda a acalmar a mente e compartilhar angústias e esperanças. Saiba mais ouvindo o episódio #109 do Arquicast.
Texto de Aline Cruz.
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Convidamos você a conferir a cobertura do ArchDaily relacionada ao COVID-19, ler nossas dicas e artigos sobre produtividade ao trabalhar em casa e aprender sobre recomendações técnicas de projetos para a saúde. Lembre-se também de checar os conselhos e informações mais recentes sobre o COVID-19 no site da Organização Pan-Americana da Saúde OPAS/OMS Brasil.